Mar: Pesca da tainha, pesca artesanal, extração de berbigão, maricultura (ostras, mexilhões e vieiras)

Na Ilha de Santa Catarina muitos habitantes se dedicaram à pesca ao longo dos séculos. As redes de pesca eram confeccionadas em taboa. De modo geral, os pescadores utilizavam tarrafa para pescar camarão e usavam o espinhel para pegarem peixe. Redes eram poucas, as redes de arrasto, que eram puxadas na praia. Apenas os mais abastados possuíam uma parelha (conjunto de canoa e rede). Nos anos de 1960 com a introdução do fio de nylon e do motor a gasolina, muitos pescadores passaram a ter a sua própria rede e deixaram de pescar em canoa de garapuvu e começaram a utilizar as baleeiras.  Ainda há muito fazedores de tarrafa, sobretudo vigias e motoristas de taxi na cidade.

O artesanato ilhéu alcançou sua expressão maior na confecção da canoa de um pau só. Esta arte herdada dos indígenas permanece entre nós. Um tronco de árvore é entalhado até ganhar a forma de canoa. As madeiras mais nobres para fazer canoa eram a canela preta e a figueira. No entanto, a mais comum era o garapuvu, por ser madeira leve, fácil de escavar e extremamente abundante na ilha, tendo um crescimento bastante rápido.

Outras formas de artesanato são a confecção de gaiolas, alçapões, balaios e samburás de bambu e cipó. Também se construía o Cove (ou covo), uma cestaria com uma entrada única onde o peixe entrava mas não conseguia sair, colocada submersa no rio ou no mar. O Cove é uma herança indígena. Sobretudo nas praias oceânicas, durantes os meses de maio e junho, acontece a pesca da tainha. Não há lugar no mundo em que a tainha seja tão apreciada como em Santa Catarina. A tainha pescada nessa época do ano é chamada de tainha do corso. As tainhas que vivem nas lagoas do Rio Grande do Sul e do Uruguai saem durante o inverno pelo oceano rumo ao norte para fazer a desova. Elas passam pelo litoral catarinense gordas e ovadas, seguem até Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e retornam para as suas lagoas de origem. Não há nada mais típico que comer tainha assada ou frita durante os meses de maio e junho no litoral de Santa Catarina. O manezinho da ilha costuma dizer que a tainha é a galinha do mar, tem ova, moela, gordura e carne. Entre os frutos do mar mais apreciados em Florianópolis está o berbigão, molusco bivalvular com nome científico de Anomalocardia brasilian. Os italianos o chamam de vôngole e os espanhóis o chamam de berberechos. O berbigão costuma ser comido ensopado e como recheio de pastel. Desde 1992 existe um bloco carnavelesco que se concentra neste Largo da Alfândega e se chama “Berbigão do Boca”. Desde a década de 1990, por iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina, foi implantado nas baías norte e sul da ilha o cultivo de mexilhões (chamados aqui de Mariscos) e de ostras do pacífico. Florianópolis responde por mais de 90% da produção de ostra no Brasil. É quase um pecado vir a Florianópolis é não provar ostra, seja in natura, cozida ou assada. Mais recentemente teve início também o cultivo de vieiras.

Culinária

Os dois elementos principais do complexo culinário ilhéu são o peixe, abundante em nossas águas, e o pirão de farinha de mandioca.
A rica fauna marinha local é composta de peixes de vários tipos. Temos os peixes grandes: miraguaia (que até 12 kg é chamada de borriquete), mero, garoupa, culapada, pescada amarela, caranha, cação, arraia etc.
Peixes médios: tainha, anchova, paru, bagre, corvina sororoca, guaivira etc.
Peixes pequenos: manjuva, pescadinha, galo, gordinho, carapau, parati, papa-terra, anchoveta, cascote etc.
Temos também vários moluscos e crustáceos: ostra, berbigão, camarão, lula, lagosta, marisco (mexilhão), siriova, siri e polvo.
Todos esses frutos do mar são encontrados na mesa do ilhéu. Uma gama variada de ensopados é acompanhada de pratos como peixe assado na brasa, em folha de bananeira ou na telha. O prato mais típico é o peixe frito com pirão d’água (pirão de nylon).
O açoriano, que chegou à ilha entre 1748 e 1754, desenvolveu uma farinha de mandioca bastante fina, parecida com a farinha de trigo. Da mandioca faz-se também a cacuanga (espécie de pamonha feita com aipim), o sagu e o beiju.
Havia também o hábito de escalar o peixe, que consiste no ato de abrir o peixe pelas costas, salgar e deixar no sol por alguns dias (como se fosse charque). De modo geral, escalava-se a tainha do corso (que se pesca entre maio e junho), a corvina e o bagre do corso. Depois, esse peixe escalado era guardado em barricas entre folhas secas de bananeira que ajudavam a tirar a umidade do peixe.
Outro produto bastante consumido era a carne seca (charque) que costumava vir da serra e do Rio Grande e a linguiça. Aliás, de primeiro, feijão e carne seca eram comida de pobre.
Pelo menos dois outros traços são bastante distintivos da culinária ilhoa: um é a utilização de grande quantidade tempero verde (cebolinha, salsa, orégano, sigurelha e a indispensável alfavaca para o peixe). Outro é a mistura de salgado e doce, feijão temperado com banana, mamão ensopado, aipim com melado.

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